Relato de uma grande Lição de Vida...

Hoje, dia 21 de Agosto, tomei coragem e resolvi contar-vos, sumariamente, o que me aconteceu : No dia 23 de Julho vi um anúncio de jornal, ao qual respondi. Era um anúncio acerca de um trespasse de uma creche. Liguei, marquei a entrevista, para esse mesmo dia, e fui ver as condições e as instalações. Quando lá cheguei, fiquei maravilhada, cheia de vontade e cega... Sim, cego muitas vezes quando quero muito concretizar um projecto... Nesse mesmo dia foi-me informado, pelas duas sócias, que a creche ia cessar funções dia 31 de Julho, que possuía um projecto de arquitectura (planta da creche) e que este detinha um parecer favorável dado pela Segurnça Social. No entanto, necessitava de obras, nomeadamente de uma casa de banho para deficientes e de uma rampa. Eu não sabendo concretamente o que era isso, "parecer favorável", telefonei para a Segurança Social e a técnica de infância explicou-me que após a implementação das obras, do citado projecto, as entidades competentes fariam uma vistoria para ver se tudo estava como o exigido, no mesmo, e assim estaria mais perto do alvará. Seguiram-se umas semanas atribuladas entre reuniões e afazeres... uma azáfama! Desde contabilistas, a senhorios, a advogados, a arquitectos, a empreiteiros e a segurança social... Mas, pelo meio recebi um convite de uma junta de freguesia para trabalhar como educadora, a ganhar 1210 euros, o qual fui forçada pela minha consciência a não aceitar pois já estava envolvida no projecto da creche. Isto, no dia 31 de Julho. Neste dia pais, irmãos, sogros e uma grande amiga Educadora visitaram o local e dialogaram com as sócias... acordei o valor a pagar. Os nossos familiares aperceberam-se de que algo de errado se passava... Mas eu confiei e continuei a lutar por algo quase já sem vida! No dia 1 de Agosto, passei o cheque com o valor combinado, assinei uma declaração comprovativa de que me cediam o projecto de arquitectura e o recheio da creche, já que as instalações eram arrendadas. Nesse mesmo dia começaram a surgir as maiores dúvidas, pois foi-nos cedido o projecto de arquitectura e as chaves para as mãos. Como tínhamos pouco tempo e porque a creche tinha de abrir a 3 de Setembro, já com as obras realizadas, decidimos pôr mãos à obra e tentar devendar as transformações ... Começámos por fazer as primeiras limpezas, pois eu gostava de dar um toque pessoal às salas... outras cores, outras decorações! Enfim, um cunho pessoal! O meu marido começou nas medições e a pensar propriamente nas obras... chamou o empreiteiro e só confirmou o mais temido... o espaço físico não tem área para implementar todas as obras exigidas pelo projecto! E não era uma simples casa de banho e uma rampa... era mais um lavatório para a cozinha, mudar o duche na casa de banho dos pequeninos, partir paredes da salas e incurtá-las para caber a casa de banho para deficientes, mexer em todo o corredor, nas arrecadações... tudo desde a porta de entrada até ao fim... todas as divisões precisavam de algo! Conseguimos falar com a arquitecta do Projecto em causa, no dia 6. Fez-nos ver que poderia, realmente, haver erros, mas que as medidas do projecto teriam der ser cumpridas à risca! Disse-nos que estaria pronta a ajudar e que trabalhava barato! Logo, fez-nos pensar que teríamos de pagar para realizar um novo projecto e que o que estavamos a comprar mais tarde ou mais cedo seria inviabilizado... Nessa mesma tarde, uma das sócias ligou-me a dizer que não poderia ir comigo à reunião na Segurança Social e isto "cheirou-me" a má fé e fui cancelar o cheque alegando má formação na minha vontade... e salvaguardando-me! No dia seguinte, ainda fui à reunião na SS e saí de lá com a pior das certezas: estavam a tentar vender-me algo inviável, algo inútil e a trespassar-me brutalmente. Isto porque, o projecto de arquitectura é enviado para a Segurança Social, eles dão o parecer favorável porque está dentro dos tramitos legais das creches e só depois das obras feitas e da tão esperada vistoria é que aprovam (ou não) e poderemos obter o alvará. No fundo, o que sinto é que deram conta da minha ingenuidade, da minha luta pelo emprego, desejo de alguma estabilidade, e do sonho que desejava e ansiava pôr em prática... pois ser Educadora para mim é uma vocação e não uma profissão! Liguei desesperada e ninguém me atendia... chorava compulsivamente por dentro, pois por fora demonstrava ao meu marido que era forte e capaz de resolver tudo! Finalmente, atenderam-me e disseram-me que era completamente impossível o que se tinha passado. Como não estiveram presentes era a minha palavra contra a delas... era um disse que disse... Propûs uma reunião conjunta na creche para verificarmos pessoalmente todas as medidas e as incoerências, mas nunca se predispuseram a tal alegando que estavam de férias... O telemóvel era a única comunicação, mas diálogo não havia... gritos e mais gritos... até ameaças recebi... ANULEI o pré-negócio e entreguei os documentos que tinha em minha posse através dos CTT. Ainda não sei de nada. Espero ansiosamente o desfecho! Como nunca quiseram estar frente-a-frente decidi contratar um advogado e gastar o pouco dinheiro que um desempregado tem ... Bati com a cabeça com muita força e aprendi uma grande lição... Contudo, ainda não desisti de realizar este tão desejado projecto... Peço desculpa a todos por este desabafo que muito custou a ser escrito. Ah, a imagem que visualizam era o logótipo...!!! O Sonho virou pesadelo... Agora espero que melhores dias virão... e claro anseio por um emprego. Mas, tenho consciência de que sou só uma formiga docente no meio de um formigal. Beijinhos para todos.